terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Liberta, DJ!

"Gatinha, quero te encontrar..."  Esses icônicos versos são o começo da história de amor contada pela dupla Claudinho & Buchecha em sua música "Nosso Sonho". Lançada em 1996 como parte do álbum de estréia dos meninos de São Gonçalo, tornou-se um dos maiores sucessos da dupla, sendo cantada e lembrada até os dias atuais.

Nesse começo de carreira, Claudinho & Buchecha ainda possuíam suas raízes fincadas no funk e principalmente no funk melody, ritmo que os acompanhou do início ao fim da carreira. Por isso, "Nosso Sonho" tem características marcantes do funk melody, como a letra com teor romântico e a batida mais diversificada, com mais "camadas", e um pé na música eletrônica.

A letra conta a história de amor proibido entre supostamente um dos cantores da dupla e uma fã de 12 anos ("Seus 12 aninhos permitem/ somente um olhar"), narrando o  primeiro encontro entre os dois em um show da dupla ("Já arranhado e toda hora vinha uma/ a impressão que o palco era de espuma"). Mas certamente a parte mais marcante e clássica da letra é o momento em que Buchecha diz pra sua musa que "depois que o baile acabar", ele irá encontrá-la em qualquer lugar do Rio de Janeiro. E narra, um por um, todos os bairros do subúrbio carioca onde ele iria procurá-la. Entre Rocinha e Méier, Vidigal e Andaraí, o cantor cita 44 locais diferentes. Quando a música foi lançada, o grande desafio era decorar e cantar todos os lugares (eu só consegui depois de anos tentando).

Outra característica marcante é o contraponto no uso das palavras. Ao mesmo tempo em que utilizam gírias comuns do funk carioca ("baile", "gatinha") e uma linguagem mais informal (como o uso do "tu"), também apostam em expressões mais formais, como "'desditoso" e "adjudicar". A rima constante entre os versos, também característica do funk carioca, predomina na música ("Foi com muita fé/ nessa ilustração/ que eu não dei bola para a ilusão").

"Nosso Sonho" é cantada e lembrada até hoje como um verdadeiro hino do funk carioca, ultrapassou gerações e ritmos, sendo regravada por diversos artistas. Isso demonstra como a música de Claudinho & Buchecha é imune ao tempo e às mudanças do cenário musical brasileiro.





segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Raimundos - Raimundos

"Oh, menino, qué isso? Vocês beberam, foi? Que foi que aconteceu? Eu quero é rock. Isso não é rock não."

Lançado em 1994 pelo selo independente "Banguela", dos Titãs (que inclusive fizeram backing vocals em três músicas), o álbum homônimo a banda Raimundos mostrou claramente que o rock nacional nunca mais seria o mesmo. A sonoridade era muito mais próximo do punk e do hardcore, em vez das músicas de balada dos anos 80. A velocidade e a duração das músicas eram muito mais violentas do que o que se ouviu na letra anterior. E as letras eram para o universo jovem, que não queria saber exatamente de protestos e política, mas sim de aproveitar as novas liberdades regadas a álcool, drogas e muita sacanagem. 



Em algumas das milhares de vezes que já escutei esse disco, e assim como fiz com muitos outros, me perguntei como o jovem de dos anos 90 digeriram a música de entrada, "Puteiro em João Pessoa". A temática, de perda da virgindade em bordéis, não poderia ser mais jovem. A letra é complicada de se entender a princípio, mas conta história de um adolescente que levado pelos seus primos a tal estabelecimento, chega a seguinte conclusão: "Foi num puteiro em João Pessoa / Descobri que a vida é boa / Foi minha primeira vez". A música não é tão veloz, o que faz o som já pesado ficar ainda mais forte. É uma porrada.

O disco segue com a excelente "Palhas no Coqueiro", que por sua letra, poderia ser de um típico cantor "brega" (o clipe também flerta com estilo). "Debaixo de um teto de espelhos / É onde tu estar a me chifrar / E eu fico aqui coçando os meus córneos / imaginando em que motel você está". Distorção de baixo e guitarra, bateria rápida e um coro marcante fazem dessa música umas das pérolas do álbum.



Apesar da importância do disco, algumas músicas caíram no esquecimento ao longo que a banda seguiu carreira. "MM´s" é uma dessas músicas. Bem pesada, flertando com o metal, e com uma letra ofensiva e cheia de palavrões, não marcou época. Outras músicas pesadas, porém mais valorizadas, são "Be a Bá", "Rapante", "Bicharada", com uma temática e sonoridade que pode lembrar a banda americana "Misfits", pelos tons mórbidos. 

Mas o grande feito do disco foi misturar as influências clássicas do punk, como Ramones e Dead Kennedys, com o forró que os integrantes da banda escutaram durante sua infância e juventude. Os forrós sacanas e cheios de duplo sentido do Zenilton viraram uma inspiração tanto musical quanto temática para aqueles que se consideravam a "versão paraíba dos Ramones".


Na verdade, o Zenilton virou quase um guru dos Raimundos. É ele que narra as falas do início do disco, lá no começo desse post. Além disso, ele também canta e toca sanfona na melhor música do disco, "Cajueiro/Rio das Pedras", que é de sua autoria, mas obviamente com arranjos totalmente novos, assim como "Deixei de Fumar/"Cana Caiana". "Marujo", que conta a história "que é sobre um maconheiro / que nasceu no Ceará" e "Carro Forte", adaptação de uma música já em domínio público e claro, "Nêga Jurema", que falava sobre um assunto que ainda seria mais explorado no futuro, a maconha.


Chegando no final do disco ainda somos brindados com "Cintura Fina", que num hardcore melódico, conta a história de um sujeito que se apaixona por uma mulher muito feia. Fechando com chave de ouro, tinha que ter uma balada. E sendo os Raimundos, a balada tinha que começar com os seguintes trechos: "Eu queria ser / O banquinho da bicicleta / Pra ficar bem no meio das pernas / E sentir o seu ânus suar".


Depois de quase 20 anos de seu lançamento, realmente é impossível dizer que esse disco teria aquela "qualidade musical" que consagrou seus contemporâneos O Rappa e Chico Science e Nação Zumbi. Mas essa nunca foi a intenção dos Raimundos, ou mesmo do Punk Rock em geral. Eles eram garotos que queriam se divertir, queriam ser astros do rock e esse disco foi o início de umas das últimas grandes bandas de rock do país. Foram vendidas 120 mil cópias, um grande marco para a época. Não é a toa que se diz que esse álbum foi um dos responsáveis pela abertura de portas para novas bandas do rock nacional. Com algumas pérolas que divertem e animas até hoje, esse disco é lembrado por diversas gerações com muito carinho e nostalgia, mas talvez pela falta de caráter político, não é muito lembrado como uma das maravilhas dos anos 90 no Brasil. 


Os reis do funk carioca

Quem imaginava que vencer um concurso de rap despretensiosamente em 1992 no Clube Mauá, em São Gonçalo, seria o começo da carreira dos maiores artistas de funk que o Brasil já viu? Certamente Claudio Rodrigues de Mattos (o Claudinho) e Claucirlei Jovêncio de Sousa (o Buchecha) não tinham ideia que isso mudaria suas vidas para sempre. Daí para o sucesso foi um pulo.



Em 1994, compõem o "Rap do Salgueiro" que se tornaria um de seus maiores sucessos. A música faz parte do primeiro álbum da dupla, auto- intitulado, de 1996. 

Além desse clássico, o CD também continha outros hits, como "Nosso Sonho" e "Conquista" ("Sabe/ tchu ru ru ru/ estou louco pra te ver/ oh yes"). Com mais de 700 mil cópias vendidas, "Claudinho e Buchecha" foi um verdadeiro sucesso e alçou a dupla ao estrelato nacional. Os passinhos de dança criados pela dupla eram copiados em  todos os lugares, principalmente por crianças, um de seus públicos- alvo. Em festas, bailes funk e programas de TV, os dois amigos de São Gonçalo não saíam da cabeça dos brasileiros.

Rapidamente lançam outro álbum, "A Forma", de 1997. Faz parte dele um dos maiores sucesso da dupla, "Quero Te Encontrar". A música, famosa pelo barulho com a boca no refrão, foi regravada anos depois pelo grupo Kid Abelha, para o seu terceiro álbum ao vivo, "Acústico MTV- Kid Abelha".
Neste álbum, além dos ritmos já tradicionalmente abordados pela dupla, como: funk carioca, funk melody e charme, a canção "Fuzuê" utiliza o cavaquinho com influências do pagode e do partido alto.


Em 1998, agora já consolidados no cenário musical brasileiro, lançam seu terceiro álbum de estúdio, "Só Love", que mostra a dupla experimentando mais com o pop. Pode- se perceber isso em "Xereta" e "Só Love" onde a batida é mais diversificada musicalmente e com mais camadas que em suas canções anteriores.

Lançam mais três álbuns, sendo um ao vivo, até que a brilhante carreira da dupla chega ao fim, com a morte de Claudinho em um acidente de carro, no dia 12 de julho de 2002. O último grande sucesso da dupla, "Fico Assim Sem Você", presente no último álbum "Vamos Dançar" além da belíssima e delicada letra, ficou famosa pelo verso profético "Buchecha sem Claudinho/ Sou eu assim sem você". Ela foi regravada em 2004 pela cantora Adriana Calcanhoto, numa versão que atingiu tanto ou mais sucesso que a original. Após a morte do parceiro, Buchecha continua em carreira solo até hoje, fazendo shows e lançando álbuns.

Por Fernanda Pincelli

domingo, 15 de dezembro de 2013

O álbum com nome de lagarto - "Calango"

" É proibido fumar (maconha), diz o aviso que eu li..." "Uma esmola pelo amor de Deus, uma esmola, Meu ! Por caridade..." "É ver alguém feliz de fato, sem alguém pra amar..." " Seu nome é Jackie, Jackie, Oh! Oh! Tequila!" "Oh! Pacato Cidadão! Eu te chamei a atenção não foi à toa, não..."

Estes são alguns trechos que são ouvidos desde o ano de 1994 por qualquer brasileiro que tenha ligado o rádio pelo menos uma vez na vida. O álbum "Calango" é o responsável por todos esses hits que até hoje são cantados, lembrados  e que tem a grande capacidade de deixar muita gente nostálgica.



" Calango" foi o primeiro álbum da banda que foi assinado pela Sony Music e vendeu aproximadamente 1 milhão e 200 mil cópias. Foi responsável por uma grande quantidade de hits da banda e deixou a banda ainda mais conhecida no Brasil. O produtor do álbum se chama Dudu Marote e a banda o conheceu num show em São Paulo. As gravações duraram um mês e todas as músicas, exceto "É proibido fumar", foram compostas por Chico Amaral e Samuel Rosa. "É proibido fumar" é uma parceria de Samuel Rosa com Erasmo Carlos. Em 2010, o álbum foi relançado em uma edição especial que continha versões alternativas de oito faixas. Três músicas deste disco, "É proibido fumar", "Te Ver", "Jeckie Tequila", estavam presentes no setlist do show da banda esse ano no maior festival de música do mundo, o Rock In Rio, e foram cantadas por todos como se ainda estivéssemos na década de 90.

 O álbum conseguiu apresentar de forma muito mais consistente a sonoridade que havia sido ensaiada no primeiro álbum, "Skank" , de 1992 e mostrou que a influência do reggae era muito forte para a banda. A maioria das músicas do álbum tem o "balanço" típico do reggae, o que deixa o som da banda ainda mais agradável de se escutar por horas e horas. Pode ser percebido também uma mistura de rock e de samba, com metais em quase todas as canções e alguns sons regionalistas. Mas a banda deixa o som mais autêntico acrescentando um tom irreverente, um clima mais festivo e uma certa comicidade que estão presentes na interpretação e nas letras.

Músicas românticas e baladas, "Te Ver", "Jeckie Tequila", "O beijo e a reza", estão presentes em "Calango" como estão presentes na maioria dos discos da banda Skank. O disco deixa ainda mais claro a grande preocupação com o Brasil e com os problemas do país que a banda e principalmente Samuel Rosa, compositor de quase todas as músicas da banda e de todas as músicas do disco "Calango", sempre buscou retratar e passar para todos que ouvem suas músicas. Essas mensagens, que podem ser consideradas um pouco pesadas, são cantadas por todos de forma natural, já que o ritmo consegue deixar a letra um pouco mais "tranquila".

A música "A cerca", presente no álbum analisado, que infelizmente foi esquecida por muitas pessoas aborda os conflitos de terra entre a impotência do sertanejo e a força econômica do fazendeiro que cerca terras. Essa é uma das músicas do álbum que traz para nós a dura realidade da sociedade brasileira e ajuda junto com muitas outras a transmitir uma mensagem política. Mas como dito acima a estrutura da música, junto com a forma de interpretar de Samuel Rosa deixa a música com o objetivo de entreter e consegue até provocar risos nas pessoas. Outras músicas presentes no álbum com esse intuito de retratar a realidade brasileira ou até mesmo de passar uma mensagem mais consciente para as pessoas são: "Pacato Cidadão", "Esmola", "É proibido fumar", "Amolação", entre outras.


"Calango" pode ser considerado por muitos como um "deja-vu musical" já que se pegarmos para ouvir o álbum hoje em dia pelo menos cinco músicas do disco conseguiríamos lembrar de alguma parte da letra. O álbum serviu de base para os outros dois álbuns seguintes, "Samba Paconé" (1996) e "Siderado" (1998) da banda e ajudou a explodir o Skank, que até hoje é um sucesso com as lindas composições de Samuel Rosa e com o talento que toda a banda mineira sempre demonstrou.

Por Iasmin França


Abre a porta Mariquinha

A música "Maria Chiquinha" é conhecida nacionalmente através das vozes de Sandy e Junior, mas poucos sabem que ela é muito mais antiga do que eles. Ela foi composta por Geysa Bôscoli e Guilherme Figueiredo em 1961 e conta a história de Genaro e Maria Chiquinha.

Tudo começa com "Abre a porta Mariquinha" e no desenrolar da letra o casal discute a relação, a qual Genaro desconfia da infidelidade de Maria Chiquinha e lhe faz uma série de perguntas querendo saber onde ela estava e com quem, sendo que para cada uma ela tem uma resposta. Tendo como ponto final ele se exaltando e dizendo a Mariquinha que irá corta-lhe a cabeça. 

A música na voz da dupla é interpretado de forma onde Junior interpreta Genaro e Sandy, Maria Chiquinha. Ela tem caráter caipira e foi com a apresentação dessa música no programa Som Brasil que a dupla foi lançada no cenário musical e começou sua carreira de sucesso. Essa mesma música anteriormente fez sucesso na voz dos avós dos cantores na década de 70, a dupla sertaneja "Zé do Rancho e Mariazinha". 

"Maria Chiquinha" se tornou tão emblemática para os pequenos cantores, que em seu primeiro CD "Aniversário do Tatu" entre as 11 faixas, teve uma faixa com ela e se tornou a música que mais fez sucesso do disco. A dupla trouxe inocência à letra cantada e se tornou clássica no cenário da música brasileira, tendo acompanhado durante muitos anos a carreira de Sandy e Junior, mesmo sendo sertaneja e a dupla futuramente ter se tornado emblemática no gênero pop brasileiro. 

Queridinhos do pop

Quem nunca se entregou e cantou as músicas da dupla Sandy e Junior, mesmo que tenha sido só no karaokê, que atire a primeira pedra. Sandy Leah Lima e Junior Lima surgiram no cenário musical brasileiro na década de 90, quando ainda eram pirralhos e suas vozes ainda não eram tão desenvolvidas profissionalmente (talvez a do Junior nunca tenha evoluído). Filhos do cantor sertanejo Xororó, da dupla Chitãozinho e Xororó, adotaram ser uma dupla de cantores, mas não seguiram a mesma linha musical do pai, optaram por ser do gênero Pop.

Desde a primeira apresentação da dupla, antes mesmo de terem gravado um CD, já foram um sucesso. Eles tiveram uma carreira de 17 anos com um histórico de 18 CDs, sendo 4 gravados na primeira década (90’s). Nesses primeiros, é possível ver claramente a evolução musical de Sandy e Junior, as músicas foram se tornando mais maduras assim como eles. Inicialmente sendo cantores crianças e chegando à adolescência, optando por músicas com temáticas mais românticas e dramáticas, não apenas sendo músicas que contavam, por exemplo, história de uma viagem à Disney, como no caso a música “Férias de Julho”.

Sandy e Junior fizeram grande sucesso entre a camada jovem, e desde a década de 90 conquistou o público e conseguiu fãs que os acompanharam até seu último trabalho. Assim como eles ficavam mais velhos, os fãs também ficavam e consumiam o produto musical deles. Nos primeiros CDs, eles possuíam caráter sertanejo e já no terceiro CD já largaram a raíz sertaneja, que se deve ao pai e ao tio, e já adotaram um caráter pop em suas canções. Eles não precisaram de muito para se estabelecer no mundo pop brasileiro, já que durante essa década foram poucos artistas que tentaram seguir nesse ramo musical na época. Em pouco tempo, Sandy e Junior conquistou o público e conseguiu milhares de fãs.

O primeiro CD da dupla Sandy e Junior foi “Aniversário do Tatu”, lançado em 1991, vendeu 300 mil cópias. Ainda na aba da carreira artística do pai Xororó, o álbum conta com a participação dele. As músicas mais famosas foi a música homônima do álbum e a “Maria Chiquinha” (cover da música interpretada por originalmente por Sonia Mamed e Evaldo Gouveia em 1961), a qual cantaram numa apresentação no Programa Som Brasil e lançou a carreira musical da dupla. O álbum contou com 11 faixas, sendo 7 delas compostas por Xororó. Devido à eles ainda serem crianças, não possuíam tanto controle da estética, e por isso parece que o pai teve uma grande contribuição e o disco foi puxado mais para a estética do sertanejo, contando com a presença de viola em grande parte das músicas, além do tipo de rítmica que se assemelha à esse gênero da música brasileira. Nele já é possível ver que quase não se escuta a voz de Junior, tendo a irmã Sandy a vocal principal da dupla, característica essa que será atribuída em outros trabalhos. Se repararmos, esse acontecimento ocorre também com diversas duplas sertanejas, tendo o segundo vocal mais como um apoio à primeira voz. Assim como “Aniversário do Tatu”, o segundo álbum “Sábado à noite” possui raízes sertanejas. 
                                                   

O terceiro álbum “Tô ligada em você” possui influência dos anos 60 e da jovem guarda, e a sonoridade é apelativa para o romântico e pop. A própria capa do CD já antecede o que o consumidor irá encontrar, pois eles mesmos estão caracterizados à anos 60. O álbum vendeu 450 mil cópias e conteve uma faixa da música em versão português de “You're The One That I Want' do musical '’Grease”. 
Os álbuns “Pra dançar com você”, “Você é D+”, “Dig Dig Joy”, “Sonho Azul”, “Era uma vez”, “Quatro estações” (considerado um dos mais importantes da carreira) trouxeram o apelo pop e a transição da fase infantil para adolescência da dupla. Eles fizeram com que o gênero fosse marcado à eles no cenário brasileiro musical e conquistaram o público teen. Sendo a Sandy caracterizada pela boa moça e Junior o sonho inatingível das adolescentes. Um dos álbuns contou com traduções de músicas famosas de Bee Gees e de Celine Dion, e participações e parcerias como Andrea Bocelli e Enrique Iglesias apenas com Sandy, as quais fizeram com que na época surgissem boatos de que a dupla iria se separar devido ao trabalho artístico somente realizado pela cantora. Assim como esse, em outros trabalhos posteriormente, a dupla também usou muito o recurso de utilizar versões em português na construção dos seus discos.  


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Uma banda de "Garotos Nacionais"


Anos 90, uma década de grande diversidade musical e de aparecimento de muitas bandas que já não estão mais no cenário musical e de algumas que ainda marcam presença. Girls bands, boys bands, axé, pagode, funk, rock e pop rock. Os adolescentes, adultos e as crianças que viveram  na década de noventa tiveram o privilegio de conhecer bandas como: Mamomas Assasinas, Jota Quest, Raimundos, Pato Fu, Spice Girls, N Sync e outras bandas que ainda hoje deixam muitas pessoas nostálgicas.



Nos anos 90 também surgiu uma banda de mineiros que com suas "baladas do amor inabalável"  abalou muitos corações e conquistou muitos fãs com um som intitulado pop rock.   Entretanto antes de todas essas conquistas a banda "Skank", de Belo Horizonte, que se chamava "Pouso Alto"  e existia desde 1981 precisou ralar uma década para conseguir, em 1991,  ter a oportunidade de cantar em uma casa de shows "maior" em São Paulo.  A banda Skank é "liderada" pelo vocalista e compositor da maioria dos hits e das músicas da banda Samuel Rosa.Após o término do show, que foi visto por mais ou menos 37 pessoas, o grupo decide adotar o nome "Skank". Nome este que foi inspirado por uma composição de Bob Marley "Easy Skanking".

O primeiro álbum da banda com o nome "Skank" é de 1992 e foi gravado de forma independente e músicas como "Indignação""O Homem que sabia demais""Tanto (I Want You)" fazem parte deste álbum. A música "Indignação" foi conhecida pelas pessoas durante o  impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, "O Homem que sabia demais" fez parte da novela "Olho por olho" e "Tanto (I Want You)" faz sucesso até hoje e foi tocada neste ano no Rock In Rio pela banda. Essas músicas foram as principais responsáveis pelo estouro da banda mineira.

O segundo álbum de 1994,  assinado pela Sony Music, chamado "Calango" foi responsável por diversas músicas que se tornaram hits dos anos 90 e até hoje são escutadas e adoradas por milhares de pessoas. As músicas são: "É proibido fumar", "Te Ver""Esmola", "Jackie Tequila", "Pacato Cidadão"  e outras que estão até hoje na ponta da língua dos brasileiros. O álbum mostra como o reggae influencia fortemente a banda.

Em 1996, a banda lançou o disco, também assinado pela Sony Music, "Samba Poconé", com um macaco e uma garota na capa, o disco foi o responsável por lançar algumas das músicas mais famosas da banda e curiosamente apenas três músicas desse CD foram para as rádios. Entretanto o disco vendou mais de 2 milhões de cópias e hoje é o terceiro álbum mais bem sucedido do "Skank". As três músicas mais famosas desse álbum são "É uma Partida de futebol ", "Tão Seu" e "Garota Nacional", que é considerado por muitos a música de maior sucesso da banda nos anos 90. "Garota Nacional" chegou a liderar a chamada "Hit Parede" na Espanha e também entrou como destaque no disco  lançado pela Sony Music chamado "Soundtrack for a century".


O disco "Siderado" , lançado em 1998, marcou uma mudança nas músicas. Com arranjos mais elaborados, mais guitarras, teclados e menos saxofones hits como "Resposta", "Saideira" e "Mandrake e Cubanos" foram lançados nesse novo álbum da banda pop rock nacional que marcou os anos 90 e continua marcando até hoje a vida dos brasileiros e de muitos estrangeiros que já tiveram a oportunidade de conhecer  "Skank" com suas turnês internacionais. Na década seguinte, nos ano 2000, outras músicas foram lançadas e viraram marcos na carreira da banda, como por exemplo: "Balada do Amor Inabalável".



Por Iasmin França. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

1994 - A retomada do Rock Nacional



O que faltou de inovação no cenário do rock americano em 1994 transbordou em nossas terras tupiniquins.


Em diversas listas especializadas, encontramos como os principais albuns do rock internacional de 1994 títulos como "Grace", de Jeff Buckley, "Definitely Maybe", do Oasis e o "Blue Album", do Weezer, além, claro, do CD acústico do Nirvana. Em comum, todos os artistas compartilham de um rock "pós-grunge", ainda um pouco melancólico mas não tão pesado, ainda um pouco lento e arrastado mas não tão profundo.


Obviamente, fora dessas listas figuram grandes albuns que mantém a pegada revoltada e transgressora do rock, com um diálogo maior com o punk do que com o movimento musical da época em Seattle, o grunge. Green Day e Offspring, por exemplo, lançaram CD's bastante cultuados nesse ano, apesar de não tão reconhecidos. No ano seguinte, o Rancid viria a lançar um dos melhores discos de punk rock dos anos 90, "...And Out Come the Wolves", numa década que ainda veria o ressurgimento do Misfits, banda punk lendária que voltaria com dois grandes álbuns, "American Psycho" e "Famous Monsters".

Voltando a 1994, e voltando ao Brasil. Somente nesse ano, três bandas que transformaram completamente a cena de rock musical lançaram seu álbum de estréia. Impossível isso ser mera coincidência, ainda mais quando todos esses artistas tinham propostas em comum.


Os alemães tem um termo que, traduzido para o português, seria algo como "espírito do tempo, espírito de uma época, sinal dos tempos". Zeitgeist. E o Zeitgeist de um país pós-ditadura, querendo esquecer o seu passado e ao mesmo tempo se projetar para o futuro, vendo intensamente as mazelas sociais de um modelo político e econômico totalitário e excludente foi muito bem traduzido pelas bandas de rock dos anos 90. E o começo disso foi justamente em 1994.

Queria o destino que vinte anos depois do álbum Ramones, da banda Ramones, surgisse em Brasília o álbum Raimundos, da banda Raimundos*. Descendentes de paraibanos, os Raimundos seriam, como se autointitulavam, "uma versao paraíba dos Ramones". Na verdade, muito mais do que isso. A partir da influência de outros clássicos do punk, como Dead Kennedys, e da música sacana e regional de Zenilton, os Raimundos fundiram o punk ao forró, criando o que se chamou de "forró-core". No álbum de estréia, rocks pesados que ilustravam a vida na Paraíba, como a primeira faixa "Puteiro em Joao Pessoa", se mistuvaram com releituras de músicas de Zenilton, com ele mesmo no vocal, como no caso de "Cajueiro/Rio das Pedras". O global e o local se misturando de maneira que quase não ocorreu no rock em quase toda a década anterior.

Saindo de Brasília e indo para Recife. Diretamente do universo de Chico Science e Naçao Zumbi, aterrissou no nosso pensamento e na cena musical do Brasil um dos álbuns mais influentes da música brasileira, "Da Lama ao Caos".  Inspirados pela imagem de uma antena parabólica colcada na lama, surge nessa época o movimento de contra-cultura intitulado de "Maguebeat". Mais que um novo estilo musical, que misturou o maracatu com as tendências contemporâneas do rock misturado com rap, o movimento tinha um objetivo em mente, explicitado pelo manifesto "Carangueijos com Cérebro" escrito por Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S.A. A partir da metáfora do mangue como local de extrema biodiversidade, a nova cena musical de Recife propunha desobstruir as veias congestionadas da cidade, chamar a atençao para o crescimento descontrolado da mesma e conectar o mundo ao mangue, sem perder sua essência. Nao é a toa que a banda regravou Roberto Carlos e Jorge Mautner, por exemplo.

No Rio de Janeiro, onde todo camburão tem um pouco de navio negreiro, esse mesmo zeitgeist teria que se fazer presente. O rapa, com um pê e letra minúscula, é o nome que se dá quando a polícia recolhe as mercadorias de um vendedor ambulante. Com dois pês e letra maiúscula, é uma banda que é impossível de se enquadrar em um estilo, e também o nome de seu álbum de estréia, lançado em 1994. As misturas que O Rappa faz são tão difíceis de se definir que é capaz de afirmar que eles invetanram um estlo completamente próprio. Se nao fosse por cada um de seus integrantes, a banda não seria como é. As letras de Marcelo Yuka, a época baterista do grupo, dão a carga politica que, quando encontra o mistico vocalista Falcão, resulta num potente protesto social. A letra de "Brixton, Bronx ou Baixada", quinta faixa do CD de estréia, resume o conceito que atrevessa todas essas bandas. Cada qual com seu James Brown, cada qual com seu Jorge Ben.

Fica claro que depois de uma década de rock feito para embalar festas, muitas vezes descartável, e que mesmo quando de protesto ainda assim muito alegre, a cena roqueira brasileira precisava de profundas transformaçoes. Apesar disso, o embrião estava sim lá nos anos 80, seja com Marcelo Nova, Ultraje a Rigor, Ratos de Porão, ou mesmo com os Titãs, que através de seu selo Banguela produziram o primeiro CD dos Raimundos. Essa safra de discos de 1994, todos misturando o rock com elementos locais foi fundamental para reconstrução desse ritmo no Brasil, e abriu portas para diversas outras bandas. No ano seguinte, seriam lançados os álbuns de estréia do Planet Hemp e dos Mamonas Assassinas, bandas que mantém os mesmo valores descritos nesse texto e que fizeram imenso sucesso. O rock dos anos 90 foi um período de riquíssima produçao artística no Brasil, seja na sonoridade ou nas letras. Talvez lhe faltem o carisma de um Renato Russo ou um Cazuza, porque é muito difícil entender porque 1994 não é entendido como um dos anos mais importantes da história da música brasileira.


Por Flavio Chigres-Lessa

*Na verdade, os Ramones surgiram em 1974 e lançaram seu primeiro CD em 1976. Nesse caso, vale a máxima: "Nunca deixe a verdade entrar no meio de uma boa história". Espero que o leitor compreenda.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Crítica Musical

Esse blog foi feito por alunos do curso de Estudos de Mídia da Universidade Federal Fluminense para a matéria Crítica Musical do professor Marildo, tendo como foco o cenário músical brasileiro na década de 90. Analisaremos criticamente algumas músicas e alguns artistas que fizeram sucesso nessa época.

Obrigada pela visita,

Midiáticos.