" É proibido fumar (maconha), diz o aviso que eu
li..." "Uma esmola pelo amor de Deus, uma esmola, Meu ! Por
caridade..." "É ver alguém feliz de fato, sem alguém pra
amar..." " Seu nome é Jackie, Jackie, Oh! Oh! Tequila!" "Oh!
Pacato Cidadão! Eu te chamei a atenção não foi à toa, não..."
Estes são alguns trechos que são ouvidos desde o ano de 1994
por qualquer brasileiro que tenha ligado o rádio pelo menos uma vez na vida. O
álbum "Calango" é o responsável por todos esses hits que até hoje são
cantados, lembrados e que tem a grande
capacidade de deixar muita gente nostálgica.
" Calango" foi o primeiro álbum da banda que foi
assinado pela Sony Music e vendeu aproximadamente 1 milhão e 200 mil cópias. Foi
responsável por uma grande quantidade de hits da banda e deixou a banda ainda
mais conhecida no Brasil. O produtor do álbum se chama Dudu Marote e a banda o
conheceu num show em São Paulo. As gravações duraram um mês e todas as músicas,
exceto "É proibido fumar", foram compostas por Chico Amaral e Samuel
Rosa. "É proibido fumar" é uma parceria de Samuel Rosa com Erasmo
Carlos. Em 2010, o álbum foi relançado em uma edição especial que continha versões
alternativas de oito faixas. Três músicas deste disco, "É proibido
fumar", "Te Ver", "Jeckie Tequila", estavam presentes
no setlist do show da banda esse ano no maior festival de música do mundo, o
Rock In Rio, e foram cantadas por todos como se ainda estivéssemos na década de
90.
O álbum conseguiu
apresentar de forma muito mais consistente a sonoridade que havia sido ensaiada
no primeiro álbum, "Skank" , de 1992 e mostrou que a influência do
reggae era muito forte para a banda. A maioria das músicas do álbum tem o
"balanço" típico do reggae, o que deixa o som da banda ainda mais
agradável de se escutar por horas e horas. Pode ser percebido também uma mistura de rock e de samba, com metais em quase todas as canções e alguns sons regionalistas. Mas a banda deixa o som mais autêntico acrescentando um tom irreverente, um clima mais festivo e uma certa comicidade que estão presentes na interpretação e nas letras.
Músicas românticas e baladas, "Te Ver",
"Jeckie Tequila", "O beijo e a reza", estão presentes em
"Calango" como estão presentes na maioria dos discos da banda Skank. O
disco deixa ainda mais claro a grande preocupação com o Brasil e com os
problemas do país que a banda e principalmente Samuel Rosa, compositor de quase
todas as músicas da banda e de todas as músicas do disco "Calango",
sempre buscou retratar e passar para todos que ouvem suas músicas. Essas
mensagens, que podem ser consideradas um pouco pesadas, são cantadas por todos
de forma natural, já que o ritmo consegue deixar a letra um pouco mais "tranquila".
A música "A cerca", presente no álbum analisado, que
infelizmente foi esquecida por muitas pessoas aborda os conflitos de terra entre
a impotência do sertanejo e a força econômica do fazendeiro que cerca terras.
Essa é uma das músicas do álbum que traz para nós a dura realidade da sociedade
brasileira e ajuda junto com muitas outras a transmitir uma mensagem política.
Mas como dito acima a estrutura da música, junto com a forma de interpretar de
Samuel Rosa deixa a música com o objetivo de entreter e consegue até provocar
risos nas pessoas. Outras músicas presentes no álbum com esse intuito de
retratar a realidade brasileira ou até mesmo de passar uma mensagem mais
consciente para as pessoas são: "Pacato Cidadão", "Esmola",
"É proibido fumar", "Amolação", entre outras.
"Calango" pode ser considerado por muitos como um
"deja-vu musical" já que se pegarmos para ouvir o álbum hoje em dia
pelo menos cinco músicas do disco conseguiríamos lembrar de alguma parte da
letra. O álbum serviu de base para os outros dois álbuns seguintes, "Samba
Paconé" (1996) e "Siderado" (1998) da banda e ajudou a explodir
o Skank, que até hoje é um sucesso com as lindas composições de Samuel Rosa e
com o talento que toda a banda mineira sempre demonstrou.
Por Iasmin França
Por Iasmin França
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