domingo, 15 de dezembro de 2013

O álbum com nome de lagarto - "Calango"

" É proibido fumar (maconha), diz o aviso que eu li..." "Uma esmola pelo amor de Deus, uma esmola, Meu ! Por caridade..." "É ver alguém feliz de fato, sem alguém pra amar..." " Seu nome é Jackie, Jackie, Oh! Oh! Tequila!" "Oh! Pacato Cidadão! Eu te chamei a atenção não foi à toa, não..."

Estes são alguns trechos que são ouvidos desde o ano de 1994 por qualquer brasileiro que tenha ligado o rádio pelo menos uma vez na vida. O álbum "Calango" é o responsável por todos esses hits que até hoje são cantados, lembrados  e que tem a grande capacidade de deixar muita gente nostálgica.



" Calango" foi o primeiro álbum da banda que foi assinado pela Sony Music e vendeu aproximadamente 1 milhão e 200 mil cópias. Foi responsável por uma grande quantidade de hits da banda e deixou a banda ainda mais conhecida no Brasil. O produtor do álbum se chama Dudu Marote e a banda o conheceu num show em São Paulo. As gravações duraram um mês e todas as músicas, exceto "É proibido fumar", foram compostas por Chico Amaral e Samuel Rosa. "É proibido fumar" é uma parceria de Samuel Rosa com Erasmo Carlos. Em 2010, o álbum foi relançado em uma edição especial que continha versões alternativas de oito faixas. Três músicas deste disco, "É proibido fumar", "Te Ver", "Jeckie Tequila", estavam presentes no setlist do show da banda esse ano no maior festival de música do mundo, o Rock In Rio, e foram cantadas por todos como se ainda estivéssemos na década de 90.

 O álbum conseguiu apresentar de forma muito mais consistente a sonoridade que havia sido ensaiada no primeiro álbum, "Skank" , de 1992 e mostrou que a influência do reggae era muito forte para a banda. A maioria das músicas do álbum tem o "balanço" típico do reggae, o que deixa o som da banda ainda mais agradável de se escutar por horas e horas. Pode ser percebido também uma mistura de rock e de samba, com metais em quase todas as canções e alguns sons regionalistas. Mas a banda deixa o som mais autêntico acrescentando um tom irreverente, um clima mais festivo e uma certa comicidade que estão presentes na interpretação e nas letras.

Músicas românticas e baladas, "Te Ver", "Jeckie Tequila", "O beijo e a reza", estão presentes em "Calango" como estão presentes na maioria dos discos da banda Skank. O disco deixa ainda mais claro a grande preocupação com o Brasil e com os problemas do país que a banda e principalmente Samuel Rosa, compositor de quase todas as músicas da banda e de todas as músicas do disco "Calango", sempre buscou retratar e passar para todos que ouvem suas músicas. Essas mensagens, que podem ser consideradas um pouco pesadas, são cantadas por todos de forma natural, já que o ritmo consegue deixar a letra um pouco mais "tranquila".

A música "A cerca", presente no álbum analisado, que infelizmente foi esquecida por muitas pessoas aborda os conflitos de terra entre a impotência do sertanejo e a força econômica do fazendeiro que cerca terras. Essa é uma das músicas do álbum que traz para nós a dura realidade da sociedade brasileira e ajuda junto com muitas outras a transmitir uma mensagem política. Mas como dito acima a estrutura da música, junto com a forma de interpretar de Samuel Rosa deixa a música com o objetivo de entreter e consegue até provocar risos nas pessoas. Outras músicas presentes no álbum com esse intuito de retratar a realidade brasileira ou até mesmo de passar uma mensagem mais consciente para as pessoas são: "Pacato Cidadão", "Esmola", "É proibido fumar", "Amolação", entre outras.


"Calango" pode ser considerado por muitos como um "deja-vu musical" já que se pegarmos para ouvir o álbum hoje em dia pelo menos cinco músicas do disco conseguiríamos lembrar de alguma parte da letra. O álbum serviu de base para os outros dois álbuns seguintes, "Samba Paconé" (1996) e "Siderado" (1998) da banda e ajudou a explodir o Skank, que até hoje é um sucesso com as lindas composições de Samuel Rosa e com o talento que toda a banda mineira sempre demonstrou.

Por Iasmin França


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